The New Birth and the Preacher's Obligation/pt

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'''John Owen (1616–1683).''' Teólogo e pastor congregacional. Seus trabalhos escritos, que totalizam vinte e quatro volumes, estão entre os melhores recursos para estudos teológicos na língua inglesa. Nasceu em Oxfordshire, na vila de Stadham, Inglaterra.  
'''John Owen (1616–1683).''' Teólogo e pastor congregacional. Seus trabalhos escritos, que totalizam vinte e quatro volumes, estão entre os melhores recursos para estudos teológicos na língua inglesa. Nasceu em Oxfordshire, na vila de Stadham, Inglaterra.  
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John Owen (1616–1683)

A obra do Espírito de Deus na regeneração da alma dos homens deve ser analisada diligentemente pelos pregadores do evangelho e por todos a quem a Palavra é outorgada.

Quanto aos pregadores, eles têm uma razão peculiar para atentarem a este dever, pois são usados e empregados nesta obra pelo Espírito de Deus, que os utiliza como instrumentos para a realização deste novo nascimento e vida. O apóstolo Paulo se intitulou pai daqueles que foram convertidos a Deus ou regenerados por meio da Palavra de seu ministério: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (1 Co 4.15). Ele foi usado no ministério da Palavra para a regeneração daqueles crentes e, portanto, era seu pai espiritual; e somente ele o era, embora mais tarde o trabalho tenha sido levado adiante por outros.

E, se homens são, no evangelho, pais de convertidos a Deus por meio do ministério pessoal deles, não há qualquer vantagem para alguém ter assumido, um dia, esse título se não teve qualquer envolvimento nessa obra, nem no seu sucesso. Assim, falando sobre Onésimo, que foi convertido por ele na prisão, Paulo o chama de seu filho, a quem havia gerado entre algemas (Fm 10). E declarou que isso lhe havia sido prescrito como o principal objetivo de seu ministério, que incluía a comissão de pregar o evangelho (At 26.17-18). Cristo disse-lhe: “Eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus”; essas palavras descrevem a obra que estamos considerando. Essa também é a principal finalidade de osso ministério.

Certamente, é dever dos ministros compreender, tanto quanto puderem, a obra com a qual estão ocupados, para que não trabalhem no escuro nem combatam de forma incerta, como homens que desferem golpes no ar. O que as Escrituras revelam sobre esta obra, a sua natureza e a maneira como se realiza, suas causas, efeitos, frutos, evidências — tudo isso eles devem analisar diligentemente. Ser espiritualmente habilitado nisso é a principal arma de qualquer um para a obra do ministério. Sem esta habilidade, ele nunca estará apto a manejar bem a Palavra nem a apresentar-se como obreiro que não tem de que se envergonhar. Contudo, é raro imaginarmos com que fúria e perversidade de espírito, com que expressões de zombaria toda esta obra é mal interpretada e exposta ao desprezo.

Dizem a respeito daqueles que exercem esta função que eles “prescrevem longas e entediantes conferências de conversão, para declararem precisos e sutis processos de regeneração, visando encher a cabeça das pessoas com inúmeros medos e escrúpulos supersticiosos sobre os devidos graus da contrição piedosa, e os sintomas de uma humilhação completa”.[1] Se algum erro quanto a essas coisas ou a prescrição de regras sobre a conversão a Deus e a regeneração pudesse ser atribuído a certas pessoas específicas que não são asseguradas pela Palavra da verdade; se tudo isso pudesse ser cobrado de pessoas em particular, não seria errado refletir sobre essas regras e refutá-las. Entretanto, a intenção dessas expressões é evidente, e a reprovação contida nelas é lançada na própria obra de Deus. E devo confessar que acredito na degeneração que se aparta da verdade e do poder do cristianismo, na ignorância das principais doutrinas do evangelho e no desprezo lançado, por meio destas e de expressões semelhantes, sobre a graça de nosso Senhor Jesus Cristo por aqueles que não somente se declaram ministros, e também declaram possuir um nível mais elevado que o dos outros, e que serão tristemente agourentos quanto a toda a situação da igreja reformada entre nós, se não forem reprimidos e corrigidos em tempo. Mas, no presente, o que afirmo sobre este assunto é:

1. O dever indispensável de todos os ministros do evangelho é inteirar-se totalmente com a natureza de seu trabalho, para que possam aquiescer à vontade de Deus e à graça do Espírito em sua realização na alma daqueles a quem ministram a Palavra. Também não podem cumprir seu trabalho e obrigação, de maneira correta, sem conhecimento apropriado dele. Se todos que os escutam nasceram mortos em delitos e pecados, se Deus os destinou para serem instrumentos de regeneração dessas pessoas, é uma loucura, da qual será necessário prestar contas um dia, negligenciar uma constante análise da natureza desta obra e dos meios pelos quais ela é realizada. A ignorância e a negligência quanto a esta necessidade, aliadas à carência de uma experiência do poder desta obra na alma deles é uma grande causa da falta de vida e do ministério não aproveitável entre nós.

2. Por semelhante modo, todos a quem a Palavra é pregada têm o dever de investigá-la. É para estes que o apóstolo fala: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2 Co 13.5). A preocupação de todo cristão ou do que professa a religião cristã é provar e examinar em si mesmo a obra que o Espírito de Deus efetuou em seu coração. Ninguém o impedirá de fazer isso, exceto aqueles que desejam enganálos e levá-los à perdição.

(1) A doutrina da obra de pregação nos foi revelada e ensinada: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Não falamos em investigar ou informar-nos, com curiosidade, sobre as coisas ocultas, ou secretas, ou as ações encobertas do Espírito Santo. Falamos apenas sobre um esforço correto para pesquisar e compreender o ensino concernente a esta obra, tendo em vista esta finalidade: que possamos entendê-la.

(2) É muito importante para todos os nossos deveres e confortos que tenhamos um entendimento apropriado da natureza da obra de pregação e de nosso próprio interesse nela. A análise de ambas essas coisas não pode ser negligenciada sem a maior insensatez; a isso podemos acrescentar:

(3) O perigo de que os homens sejam enganados quanto ao assunto da regeneração, ou seja, a base sobre a qual se firmam e dependem o seu estado e condição eternos. É certo que, no mundo, muitos se enganam neste assunto; evidentemente, vivem num destes erros perniciosos: a) que os homens vão para o céu ou que podem “entrar no reino de Deus” sem nascer de novo, o que é contrário ao que nosso Salvador disse (Jo 3.5). b) Outro erro é o pensamento de que os homens podem nascer de novo e continuarem vivendo no pecado, mas isso contradiz 1 João 3.9.

John Owen (1616–1683). Teólogo e pastor congregacional. Seus trabalhos escritos, que totalizam vinte e quatro volumes, estão entre os melhores recursos para estudos teológicos na língua inglesa. Nasceu em Oxfordshire, na vila de Stadham, Inglaterra.

  1. Parker, Samuel. Defense and continuation of the ecclesiastical politie. A. Clark for J. Martyn, 1671. p. 306-307.
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